Muitas pessoas se surpreendem ao saber que a Bíblia utilizada pelos protestanes é diferente da Bíblia utilizada pelos católicos. Mas qual é a diferença?
Como já
escrevemos, o catálogo sagrado foi começou a ser definido pela Igreja
Católica em 393 durante o Concílio Regional de Hipona (África). A
Igreja desde os tempos apostólicos, utilizou a versão grega dos livros
sagrados, chamada Septuaginta.
Desde o séc. IV
até o séc. XVI, a Bíblia era a mesma para todos os cristãos. A
diferença ocorreu durante a Reforma Protestante, quando Martinho Lutero
renegou 7 livros do antigo testamento (Tobias, Judite, 1 Macabeus, 2
Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, trechos de Daniel e Ester) e
a carta de Tiago do Novo Testamento.
Lutero
renegou tais livros porque eram fortemente contrários à sua doutrina.
Por causa de uma das colunas de sua doutrina a “Sola Fide” ou Somente a
fé, Lutero alterou o famoso versículo “Mas o justo viverá da fé” (Rm
1,17) para “Mas o justo viverá somente pela fé”, e renegava a
Carta de Tiago, que ensina que somente a fé não basta, é preciso as
obras. Devido ao prestígio que a Carta de Tiago tinha, Lutero não
obteve sucesso ao excluir tal livro. Quanto ao Antigo Testamento, os
protestantes então revolveram ficar com o catálogo definido pelos
Judeus da Palestina.
Este catálogo Judaico foi
definido por volta de 100 DC na cidade de Jâmnia, e estes foram os
critérios estabelecidos pelos judeus para formarem seu cânon bíblico:
- O livro não poderia ter sido escrito fora do território de Israel;
- O livro teria que ser totalmente redigido em Hebraico;
- O livro teria que ser redigido até o tempo de Esdras (458-428 AC);
- O livro não poderia contradizer a Torah de Moisés (os 5 livros de Moisés).
Devido
à enorme conversão de judeus ao cristianismo, principalmente os judeus
de língua grega, é que os judeus que não aceitaram a Cristo,
desenvolveram um judaísmo rabínico, isto é, um judaísmo
ultra-nacionalista, para frear a conversão das comunidades judaicas ao
cristianismo. Com este cânon bíblico, era proibida pelo menos a leitura
de todo o Novo Testamento, que mostra fortemente o cumprimento da
promessa do Messias na pessoa de Cristo.
Muitos
dos originais hebraicos de alguns livros foram perdidos, existindo
somente a versão grega na época da definição do cânon judaico. Isto
significa que livros como Eclesiástico e Sabedoria, escritos por
Salomão, não foram reconhecidos pelos judeus de Jâmnia, além de outros
livros que foram escritos em aramaico durante o domínio caldeu e persa.
Recentemente os arqueólogos encontraram em Qruman no Mar Morto, o
original hebraico do livro Eclesiástico.
Estes livros do Antigo Testamento que não foram unânimimente aceitos são chamados técnicamente de deuterocanônicos.
Os
protestantes entram então em grande contradição pois aceitam a
autoridade dos Judeus da Palestina para o Antigo Testamento e não
aceitam a mesma autoridade para o Novo Testamento. Aceitam a autoridade
da Igreja Cátólica para o Novo Testamento e não aceitam a mesma
autoridade para o Antigo Testamento.
Os
apóstolos em suas pregações utilizavam a versão grega dos livros
antigos, note que das 350 sitações que o Novo Testamento faz dos livros
do Antigo Testamento, 300 também se referem aos livros
deuterocanônicos.
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